Uma reparação
28 de maio de 2013

Por Bel Tatit – 28 de maio de 2013

Que filme lindo e emocionante!

Além de ser um filme de uma historia pessoal e de ter profundas reflexões sobre os temas da angústia, da morte e sobre o feminino, ainda acho que é um filme político. Quando retoma as marcas de um corpo que viveu na clandestinidade, no anonimato, bem como as poucas possibilidades de trabalho (artístico) no Brasil daquela época, o filme apresenta os possíveis efeitos subjetivos do contexto social ditatorial. Tenho uma irmã 12 anos mais velha que eu também, atriz e cineasta (acabou de lançar “Em Busca de Iara”) e que também tem suas próprias marcas profundas e sofridas daquele período. Com ELENA, pude retomar também a história da minha irmã e do que aquela geração, filha da ditadura, viveu. Realizar e lançar um filme no Brasil com o nome da Elena é quase que uma reparação (sempre incompleta e impossível) do sofrimento trazido pelo anonimato, e pelas dificuldades de inserção no social por meio da arte. Parece que finalmente você conseguiu tirá-la do anonimato.

Como profissional da saúde, ainda tenho que dizer que você trata a tristeza profunda de uma forma nada patologizante e muito real. Mais uma vez vejo, o seu filme como um filme político, pois conta uma história que é pessoal e social ao mesmo tempo, mas que também não simplifica, nem traz o tema como o da depressão de uma forma ideologizante (como acontece normalmente).



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