Busca de diretora por irmã encerra mostra de documentários em Brasília
23 de setembro de 2012

Jamila Tavares, do G1 do Distrito Federal, cobriu o 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e escreveu um artigo exclusivo sobre Elena, no dia 23/9/2012. Leia abaixo.

Cena de ELENA, documentário que está no 45º Festival de Cinema de Brasília (Foto: Reprodução / Divulgação)Cena de ‘Elena’, documentário que está no 45º Festival de Cinema de Brasília (Foto: Reprodução / Divulgação)

Três gerações de atrizes de uma mesma família estão no centro da trama do documentário que encerra a mostra competitiva do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro neste domingo (23). Baseado em uma história real, “Elena” retrata os caminhos que a diretora Petra Costa percorreu para reencontrar a irmã, a Elena que dá título ao filme.

“Ela foi para Nova York em 1989 para ser atriz de cinema, eu tinha sete anos na época. Alguns anos depois, encontrei um diário dela e me identifiquei tanto que acabei fazendo uma cena [para teatro] misturando trechos do diário dela e do meu”, explica Petra.

“O filme trata sobre a minha busca pela memória e sobre a minha emancipação nessa busca. Acaba sendo um pouco uma homenagem, sim, mas é mais um filme sobre a minha trajetória, sobre a da minha mãe e sobre a da minha irmã.”
Petra Costa, diretora de ‘Elena’

A diretora, que também assina o roteiro e atua no filme, viajou em 2002 para os Estados Unidos para tentar encontrar a irmã. A busca não é retratada de forma linear, investigativa – até porque Petra tinha apenas pistas encontradas em cartas e em recortes de jornais sobre o paradeiro de Elena. A jornada é permeada pela emoções e impressões das personagens.

“O filme conta uma história verídica, mas que foi toda reconstruída narrativamente num processo longo de roteirização. Não chega a ser uma reencenação, porque isso ficaria falso. A história foi recontada poeticamente. O filme brinca o tempo inteiro com a ideia de encenação, com o desejo de encenar a vida.”

Petra afirma que ao reencontrar a irmã descobriu que Elena passou por momentos muito difíceis em Nova York e até entrou em depressão. A mãe das jovens é a terceira protagonista do documentário. Apesar disso, a diretora afirma que o documentário não é necessariamente uma homenagem, mas um retrato íntimo do relacionamento entre as três.

A relação entre as três é marcada por amor, saudade, dúvidas e também por perdas. Ao seguir o caminho trilhado pela irmã, Petra acaba se confundindo com Elena e ignora o conselho da mãe que diz para ela não se tornar atriz.

“O filme trata sobre a minha busca pela memória e sobre a minha emancipação nessa busca. Acaba sendo um pouco uma homenagem, sim, mas é mais um filme sobre a minha trajetória, sobre a da minha mãe e sobre a da minha irmã. É também um filme que mostra as emoções do período de transição entre a adolescência e a vida adulta.”

O curta pernambucano “A onda traz, o leva”, de Gabriel Mascaro – que também é diretor de “Doméstica” – também será exibido neste domingo pela mostra competitiva de documentários. A sessão começa às 19h, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. O ingresso custa R$ 6, a inteira.



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