Diretora Petra Costa fala sobre ‘Elena’, documentário a respeito do paradeiro de sua irmã, que viajou aos EUA em busca de um sonho.
17 de maio de 2013

por: Audaci Junior – Jornal da Paraíba – 17/5/2013

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Por três anos, a cineasta Petra Costa ‘mergulhou’ no universo de sua irmã mais velha, Elena, que desapareceu quando foi para os Estados Unidos, em busca do sonho de ser atriz. Visitou lugares por onda ela passou nos EUA, falou com seus amigos, leu seus diários e assistiu suas cartas ‘visuais’, produzidas em VHS para a família matar a saudades.

O resultado é visto no documentário Elena (Brasil, 2013), que estreia em apenas uma sessão, às 18h, no CinEspaço, em João Pessoa.

“O sonho de Elena nasceu de nossa mãe, que fez um filme e queria ser atriz, mas a carreira foi ‘engolida’ pela militância política nos anos 1980”, relembra a diretora mineira em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA. “Tive que mergulhar na minha memória e ver o que viria daí”.

Na busca desse sonho, Elena viajou para Nova York, deixando para trás a irmã caçula de sete anos. Duas décadas mais tarde, Petra – que também se tornou atriz – embarcou para a ‘Grande Maçã’ em busca dela, com apenas pistas de seu paradeiro.

VIRANDO ÁGUA

A água é um elemento bastante presente ao longo de todo o documentário. Petra explica que isso serviu de inspiração tal qual a personagem shakespeareana Ofélia (descoberta quando a diretora leu Hamlet pela primeira vez, em 2001) por “se afogar nas próprias emoções”. Isso serviu como arquétipo para ela e sua irmã. “Ela está em mim, como a poesia de Drummond. Os meus passos pareciam como se fossem traçados por ela”.

Uma de suas lembranças é uma concha dada de presente por Elena, que dizia para colocar no ouvido quando sentisse saudades dela, ouvindo o barulho do mar.
Outra relação com a água foi quando Petra descobriu que a irmã interpretou Doralda da obra Corpo de Baile, de Guimarães Rosa. Ela aparecia molhada em cena e dizia: “Estou adoecida de amor. Põe a mão em mim e viro água”.

Em Elena, Petra Costa narra, atua e dirige. Para focar na narrativa, ela teve ajuda da roteirista Carolina Ziskind. “Essencialmente, trabalhar com outras pessoas ajudam a ter um distanciamento da própria história, observando o que é melhor para ela”.
O primeiro longa de Petra Costa já ganhou prêmios internacionais e nacionais, como Melhor Documentário no Films de Femmes, na França, e Melhor Direção, Montagem, Direção de Arte e Júri Popular no 45º Festival de Brasília.

A “investigação visceral e profunda” resultou também em um vídeo no YouTube intitulado Quem é Elena? (que pode ser visto pelo QR Code acima), onde pessoas que a conheciam, como Wagner Moura, Letícia Sabatella e Alexandre Borges, descrevem e falam histórias ausentes no filme, como a vez que ela foi para a Amazônia com o músico Sting.



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