Elena poesia visual em documentário
13 de junho de 2013

por: Fabio FariasRevista Catorze – 13/6/2013

Elena é poesia visual. Foram as três palavras ligadas num verbo que consegui pronunciar depois de sair da exibição do documentário.

Estava francamente emocionado com a construção das imagens exibidas na tela do cinema minutos antes.

Dirigido por Petra Costa, irmã da protagonista, o filme é um dos grandes acertos em termos de narrativa visual no Brasil. E pode ser definido com único adjetivo: lindo.

Elena tem o mérito de construir uma história a partir do ponto de vista psicológico de uma menina que sonha em ser atriz de cinema. Usou filmagens antigas, alternando também com a captação de smarthphones e câmeras comuns.

Sem medo de tocar nas questões pessoais, o documentário é uma obra que trata da depressão, da solidão e, principalmente, da angústia dos sonhos não realizados.

É um retrato do fim da infância e da adolescência. Em dado momento, a personagem reflete: se a vida é tão fácil, por que me sinto tão mal? É um drama de uma transição que nem sempre termina bem.

Em entrevista ao Metrópole da TV Cultura, a diretora falou da identificação que muitos passaram após sair do cinema. “Me procuravam e queriam contar a história das suas frustrações”, disse ela.

É isso. Quase impossível sair da sala sem se identificar, mesmo que um pouco, com a então adolescente Elena seus sonhos de ser atriz de cinema e a iniciativa de ir a Nova York em busca do sonho.

Em uma das cenas, vemos a jovem protagonista sendo entrevistada em inglês para entrar em um grande estúdio norte-americano. Depois, a imagem da frustração de um telefonema que nunca chega.

A linguagem do filme é poética. A narração em off, os vídeos usados – alguns eram cartas da própria Elena, que preferia filmar a escrever – a construção da narrativa. Há uma harmonia absurda entre texto e imagem.

É o primeiro longa metragem da Petra Costa. Surpreende, é preciso ficar de olho nesta diretora. Antes disso, ela realizou um curta – também muito elogiado – chamado “Olhos de Ressaca”, sobre a história dos avós.

Entre os méritos do documentário, está também a campanha de divulgação. Os produtores usaram o Facebook e um vídeo no Youtube com atores que viram e gostaram do filme. O resultado, positivo, conseguiu levar o documentário a estrear em várias cidades.

Menos em Natal que ainda não tem data definida para a estreia, apesar da pressão feita nas redes sociais.

Uma pena. É um filme bem cotado para estar entres os melhores brasileiros do ano.



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