Elena trata de memória fraterna reconstruída na tela
18 de maio de 2013

Seguindo a estreia em Porto Alegre de em 17/5/2013, o Correio do Povo publicou um resenha sobre Elena onde destacou: “Elena é mais do que filme familiar. É filme sobre o Brasil, sobre tempos difíceis na política nacional, sobre anos 1980, sobre a geração da ‘abertura’, educada por pais militantes, em tempos de anistia e redemocratização.” Leia a matéria:

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A ‘busca’ tem sido tema recorrente em documentários produzidos nos últimos tempos no Brasil. Um dos destaques do gênero foi o aplaudido e multipremiado ‘Diário de Uma Busca’, da diretora gaúcha Flávia Castro. Esse e outros títulos já configuram uma cinematografia brasileira que se utiliza do gênero para contar histórias de vida. Agora, chega às telas uma nova caminhada pessoal e familiar, tendo como pano de fundo um universo sociopolítico que contextualiza perdas e danos. Na trama de Elena, dirigido por Petra Costa, a personagem homônima viaja para Nova Iorque com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema.

Deixa para trás uma infância passada na clandestinidade dos anos de ditadura militar. Também deixa Petra, a irmã de 7 anos. Vinte anos depois, Petra também se torna atriz e embarca para Nova Iorque em busca de Elena. Com a mala e o coração repleto de pistas, filmes caseiros, recortes de jornal, um diário e cartas. A jovem acaba descobrindo Elena em um lugar inesperado. No relato psicológico e na ação de busca, aos poucos, os traços das duas irmãs se confundem. Agora que finalmente encontrou Elena, Petra precisa ‘deixá-la partir’.

Elena’ é um filme que trata do tema das lembranças e de uma certa irreversibilidade da perda. Surge em cena o impacto causado na menina de apenas 7 anos de idade pela sólida ausência da irmã. Também trata da delicadeza, apresentando-se como um documentário de fundo psicológico. É o primeiro longa-metragem da realizadora Petra Costa, e acompanha a jornada percorrida por ela para resgatar – e, de certa maneira, explicar – as frustrações e angústias que arrastaram a vida de Elena a um desfecho trágico. O filme, que venceu os prêmios de ‘Melhor Documentário (júri popular)’ e ‘Melhor Direção’ no 45 Festival de Cinema de Brasília, entre outros troféus, convida o público a mergulhar no passado familiar, que tem reflexos nos contextos sociais e políticos do Brasil. São 80 minutos de imersão com Petra e suas recordações, no processo de emergir da dor e se emancipar.

‘Elena’ é mais do que filme familiar. É filme sobre o Brasil, sobre tempos difíceis na política nacional, sobre anos 1980, sobre a geração da ‘abertura’, educada por pais militantes, em tempos de anistia e redemocratização. O resultado, na pele destes jovens, em cena é o já visto em outras obras: repudiam toda forma de repressão e buscam criar seus filhos sob a ‘senhora liberdade’.



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