O músico Fernando Anitelli comenta sobre o filme ELENA e sua relação com a liberdade na internet
20 de maio de 2013

O compositor e fundador do grupo O Teatro Mágico, Fernando Anitelli, assistiu ao filme “ELENA” e declarou que a obra lhe passou “vários insights, memórias, lembranças e situações”. Anitelli lembrou particularmente do espaço cultural KVA, criado pela mãe de Elena, Li An, local que serviu de inspiração para a criação de sua trupe.  “No KVA, todos nós tínhamos espaço para criar música, pra aprender, pra discutir, enfim, pra se manifestar. Foi inspirado nessa junção que eu busquei inventar o Teatro Mágico, que era justamente levar para o palco o que acontecia nesse sarau”, lembra Fernando Anitelli.

 

 

O vocalista e compositor do grupo O Teatro Mágico aborda as questões da dificuldade de se fazer cinema e arte em geral, de como ELENA representa “várias Elenas”, e também do fator positivo de se poder fazer a arte em sua terra:

“[O filme retrata] A entrega de Elena em sua busca para ser artista, sua busca para ocupar um espaço, seja no teatro, no cinema, e nessa busca existe um limite: um país que não consegue [não conseguia] produzir, não existia uma indústria, uma acessibilidade a esse trabalho, ou seja, eram – e são, em certa medida – milhares de Elenas nessa condição e nessa luta. E quando você menos percebe, tem que deixar sua terra, sua família para ir tentar ocupar esses espaços em outro país, em outra terra. Isso é valido, mas quando você tem isso no seu berço, quando você tem essa possibilidade na sua comunidade, no teu chão, isso é fabuloso”, analisa Fernando Anitelli.

Anitelli é também ativista em prol de um novo Marco Civil da Internet e de uma discussão sobre os direitos autorais. No vídeo, ele comenta a respeito da necessidade de uma luta “por uma lei de direito autoral que dê ao autor essa possibilidade de gerir a sua obra, e de um marco civil que dê liberdade pra essa obra escoar e ser compartilhada”. Além disso, a partir de um insight provocado pelo filme, o compositor também comenta a respeito da necessidade de aparatos públicos para ajudar novos artistas.

“O filme traz uma questão que está aí até hoje: a necessidade de se ter espaços públicos para que você possa ter acesso ao teatro, a oficinas, músicas, debates e provocações”, comenta Anitelli, que posteriormente fala a respeito da divulgação do filme pela internet. “O filme está sendo divulgado através da internet e aí eu tenho uma integridade muito grande com isso. A gente percebe que tem esse diálogo, essa natureza colaborativa que é a internet, essa ferramenta de propagação que é também de aprendizado no acesso aos conteúdos. Isso é muito importante: a gente compreender que a gente cria a nossa ferramenta, e se às vezes ela não existe, vamos criar, vamos somar com quem está no mesmo contexto, vamos aprender com essas pessoas e com esses espaços”, analisa o vocalista d’O Teatro Mágico.

O compositor também comenta que o flme ELENA dialoga diretamente com a questão do direito autoral. “Para o filme acontecer, a internet é uma ferramenta fundamental. Por isso, é necessário se debater a questão do Marco Civil e a neutralidade dentro da rede. A possibilidade de você ter acesso a esses conteúdos, isso é fundamental de uma maneira livre”, disse Anitelli. Por fim, Fernando chama a atenção pra questão do direito autoral e da autonomia dos artistas sob a sua obra.

“Esse é o grande encontro que o filme ELENA pode nos trazer pra discussão, e isso é fundamental: a gente batalhar por uma lei de direito autoral em que o autor possa gestar a sua obra, cuidar dela, poder encaminhar da maneira como ele bem entender, e a gente precisa de liberdade pra fazer pra fazer isso rodar e ter um escoamento. Por isso, o Marco Civil da Internet, que atualmente está em discussão no Congresso Nacional  através de dois projetos de lei, é muito importante, pois é a liberdade na internet que vai permitir um trabalho como esse chegar a outras pessoas. Isso é de total importância para criar raízes para que outras coisas possam estar surgindo com muita força e expressão”, finaliza Fernando Anitelli.



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