ELENA e Petra no Divirta-se de BH
10 de maio de 2013
Vencedor do prêmio do júri popular na última edição do Festival de Brasília, o documentário Elena, de Petra Costa, reforça a safra de filmes desse gênero que coloca o próprio realizador, ou melhor, questões pessoais do cineasta diante da câmera. Como ele, no mesmo evento também foi premiado ‘Otto’. Porém há uma diferença elementar entre os dois trabalhos. Enquanto Cao filma a chegada do filho, Petra narra no cinema a partida da irmã mais velha.
Em ambos, as experiências são narradas pelos realizadores. É aí que ‘Elena’ se reforça como trabalho extremamente íntimo. O primeiro longa-metragem da carreira de Petra Costa é um acerto de contas dela com o próprio passado. Uma maneira de elaborar – ou seria aceitar? – a escolha definitiva feita por alguém que ela tanto ama.
A pessoalidade do filme se imprime no tom de voz com ela que narra a história, no uso das imagens do acervo familiar e mesmo na angústias que acompanham as personagens à medida em que precisam fazer escolhas inerentes à vida. Elena decidiu ser atriz no fim da década de 1980. Em busca disso, embarcou para Nova York com a mãe e a irmã, Petra, 13 anos mais nova. Estudou ópera, dançou, atuou, foi intensa o quanto pôde mas, no fim das contas, deparou-se com uma realidade bem diferente de tudo aquilo que havia sonhado.
Como uma forma de digerir essa história, Petra circula pela cidade americana em busca das memórias da irmã. A forma como ela reconstitui essa passagem na vida da família se transforma num caleidoscópio de imagens e áudios. Elena costumava gravar sensações em fitas k7. É assim que as irmãs, de uma maneira ou de outra, conversam. Petra reproduz o processo do filme.
O documentário foge totalmente do padrão. Com 80 minutos, a primeira parte centra-se na relação das irmãs. Chama a atenção a maneira como a cineasta consegue reconstituir poeticamente um tempo e um sentimento usando apenas imagens de arquivo. Além das vozes em off, são pouquíssimos depoimentos. O principal deles é o da mãe delas, Li An. ‘Elena’ é um filme sobre lembranças, sobre perdas, mas também um testemunho de superação, respeito e amor em família.
BELO VIRAL
Assim como outras produções têm feito, a divulgação de ‘Elena’ investiu pesado na campanha que circula pela internet. O vídeo ‘Quem é Elena?’, disponível no YouTube, já foi visto mais de 258 mil vezes. Nele, Wagner Moura, Júlia Lemmertz, Ângelo Antônio, Letícia Sabatella e outros declamam um texto sobre o quão livre e comprometida com a arte ela era. O pequeno viral cumpre seu papel. Quem o vê, dificilmente resiste à curiosidade de conhecer a misteriosa Elena.
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Elena não conseguiu brilhar nos palcos em vida, mas Petra tem conseguido através da arte, do cinema endereçar sua carta de amor a irmã, sua carta-filme in memorian.