Elena é feito de maneira a ser universal
Nereida, no blog Água-Marinha.net – 23/5/2013
Eu tinha outras postagens em mente para esta semana, mas eu resolvi falar um pouco sobre cinema agora porque eu gostaria de indicar um filme que está em cartaz. Trata-se de um filme brasileiro e acho importante falar dele aqui no meu blog porque os filmes nacionais possuem muito pouca divulgação comercial e as pessoas deixam de assistir a produções muito boas. No fim, o “boca-a-boca” é fundamental para que as pessoas comecem a conhecê-lo.
Há cerca de duas semanas atrás, vi um filme que me impressionou muito, chamado Elena. É dirigido por Petra Costa e trata-se de um documentário a respeito da história da irmã da própria diretora, que se chamava Elena. Petra, que também atua, mostra sua história pessoas na busca de reviver e recontar a vida de sua irmã, uma atriz brasileira que foi para os Estados Unidos com o intuito de ser atriz de cinema e que se viu frustrada ao perceber as dificuldades de seguir essa carreira lá, levando-a a uma intensa depressão. A irmã mais nova, Petra, resolve seguir os passos da irmã e estudar cinema em Nova Iorque, principalmente em busca de encontrar explicações e reviver as memórias da irmã mais velha.Ao tentar refazer os mesmos passos dados por Elena no passado, as figuras das duas irmãs se misturam e fica difícil determinar o que foi vivido por cada uma. Muitas vezes, é como se as duas fossem uma só. Além disso, existe presente a forte figura da mãe que funciona na história como a precursora biológica e artística da vida das duas irmãs, já que ela também gostava de cinema e essa angústia em relação à vida perpassa as três mulheres.
Transformei uma das cenas favoritas de Elena (2012) em gif animado
A história contada pelo filme é forte e emotiva, mas o que faz esse documentário interessante é a maneira pela qual a história de Elena é contada. Apesar de pertencer a esse gênero, não são os depoimentos que regem o filme, pois ele possui uma intensa linguagem poética que percorre as imagens, remontagens e músicas (ouça aqui) durante todo o longa-metragem. É sobretudo um documentário com um grande lirismo por parte da diretora, que trabalha lindas imagens aquáticas que podem nos remeter ao mergulho nos sentimentos, á descarga de emoções e também ao fato de que reviver a história da irmã parece aliviar um pouco seu sofrimento. O que seria apenas um documentário virou arte pura.
Sem dúvida, Elena é um filme introspectivo e pessoal. Porém, o filme é feito de maneira a ser também universal, pois os espectadores conseguem se identificar com a relação entre as irmãs, com as decepções da vida e com um certo vazio existencial.
Eu, pessoalmente, me identifiquei muito com o filme desde que vi seu trailer pela primeira vez e por isso fiz questão de assisti-lo em sua semana de estreia. Há uma certa delicadeza e cumplicidade que me atraiu muito e que me fez compreender toda a relação entre as mulheres dessa família. Gostei, especialmente, das imagens e metáforas aquáticas, auxiliando em uma comparação com Ofélia de Hamlet, e a busca constante de sentindo da vida através da arte.
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