por: Roberta Bonfim – 3/7/2013
“É falando que se elabora!” É falando que se entende, talvez. E ao ser filme, se eterniza e se alcança a grande cena, ganha a tela grande e encena, atuou em vida para ser ela interprete de si, mesmo quando interpretada por Petra. Eis Elena, sem “H”, para ser controverso, o documentário de Petra Costa.
Mas quem já ouviu falar sobre Elena? Quem a conheceu? Quem a reencontrou ou a viu pela primeira vez nas grandes telas, como eu? E quem quer conhecer Elena? Eu admito, precisarei de mais algumas revisitadas para que eu saiba mais sobre ela(s). Minha experiência com Elena, foi como uma força maior que me puxava ao Teatro Sergio Porto, no Humaitá, onde o filme foi exibido ali mesmo, no palco, sob uma malha branca. Eu que assisti ao filme do chão por vezes o imaginei no teto. Assistirei ainda Elena no teto.
Voltando ao filme, logo a principio vejo Petra Costa, discreta e leve agradecendo a presença de todos que lhe surpreendeu em número, dado o fato que no mesmo dia estava acontecendo manifestação na Av. Rio Branco. O filme começou e com ele um mergulho na história de Elena, que podia ser também a história de Petra. Isso mesmo, estamos falando de um documentário autobiográfico, que traz consigo a dramaturgia em primeira pessoa. É através dos olhos e Petra que somos apresentados a Elena e a própria Petra. Além da mãe de ambas, que como as filhas sonhou ser atriz, que como as filhas tem olhos fortes e profundos.
O filme fala sobre três mulheres, sobre uma família, sobre a não presença de um pai que estava ali, fala sobre a vida, todos esses vazios e inércias, sobre os sonhos e as buscas, fala sobre a morte, sobre destino e mudança de percurso. Mas, ao meu ver acima de tudo fala sobre símbolo e superação, através dele.
Elena me emocionou profundamente, pois além de tudo exposto e tantas reflexões, foi impossível segurar os mergulhos na minha própria realidade, nas histórias próximas. O que fazer para mudar o quadro? Ajustar os fatos? Uma sensação de impotência perpassa minhas veias e me leva a chorar e tantos outros sentimentos. E a culpa? A quem culpar quando alguém a quem amamos se desestimula? Para onde olhar? O que provoca? E como indaga Petra no filme “Se ela me convence de que a vida não vale a pena, eu tenho que morrer junto com ela”. E o contrário é possível? Mas como…
Talvez essa tenha sido uma reflexão dessas três mulheres atrizes. Que sensíveis se inspiram pela vida, aceitam desafios e abrem o livro da vida. Tudo isso somado a belas fotografias, imagens de arquivo que provocam lembranças e resgates, uma trilha que preenche e uma linguagem que desempenha a função de comunicar. Sai do teatro, remexida, sensível, pulsante, não pude ficar para o debate, mas estou certa de que foi tão enriquecedor como poderia ser.
Grata!
P.S. Compartilho esse debate maravilhoso e inspirador.
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