Uma história sobre amor e arte
Por Rennê Cruz – Blog I can’t go back and I can’t go back – 23/3/2014
Então pessoal, já faz um bom tempo que não escrevo aqui. A verdade é que essa demora toda, se deve aquela situação em que você se vê imerso num redemoinho de preguiça, tarefas aos montes que exigem tudo que seus dois neurônios podem dar, e uma grande falta de vontade.
Isso explicado, vamos ao filme de hoje.
Olha como as coisas são: quando você decide que vai dedicar esse ano à assistir mais filmes que no ano anterior, o que acontece? Você faz exatamente o contrário! E enquanto meu hd vai se enchendo cada vez mais, eu recentemente vi um filme muito bonito. Chama-se ELENA (Brasil, 82 min. 2013). E não poderia ser diferente, com esse que é um dos nomes mais lindos para uma mulher. E de quebra é também uma produção brazuca.
É dirigido pela Petra Costa, e preciso adiantar que a história contada nesse longa é bastante autobiográfica, pois Elena é a irmã de Petra. Inclusive, Petra além de dirigir e roteirizar, também atua. Além do mais, o filme é grande e belo justamente por causa desse peso de realidade – quase documentária – por causa do seu caráter biográfico.
Sinopse do filmow:
Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância passada na clandestinidade dos anos de ditadura militar. Deixa Petra, a irmã de sete anos. Duas décadas mais tarde, Petra também se torna atriz e embarca para Nova York em busca de Elena. Tem apenas pistas. Filmes caseiros, recortes de jornal, um diário. Cartas. A todo momento Petra espera encontrar Elena caminhando pelas ruas com uma blusa de seda. Pega o trem que Elena pegou, bate na porta de seus amigos, percorre seus caminhos. E acaba descobrindo Elena em um lugar inesperado. Aos poucos, os traços das duas irmãs se confundem, já não se sabe quem é uma, quem é a outra. Agora que finalmente encontrou Elena, Petra precisa deixá-la partir.
Conhecer a pessoa da Elena foi uma grata surpresa. Pra mim foi como tomar conhecimento da existência de um grande ser humano. Alguém que quando em vida, se esforçava ao máximo para ser aquilo que queria ser. Alguém que buscava viver e ser feliz, independentemente os preços à se pagar por tal filosofia de vida.
Para mim, o filme alterna muito sutilmente entre um estilo documental e outro poético. O que para mim, foram escolhas acertadas e que funcionaram de acordo com a história e as emoções a serem transmitidas (que presunção a minha!).
Então o filme é uma forma de contar uma história que a maioria não sabia existir? Como forma de resgate da memória de Elena? Não só isso. Pietra ao fazer uso de gravações caseiras do seu próprio arquivo pessoal, segue tanto uma trajetória de homenagem à irmã, como também um percurso de superação do trauma e com isso da construção de si mesma. Aliás, não só de si, mas de todos aqueles envolvidos nessa tragédia: sua mãe, seu pai, e outros. A busca da realização dos sonhos de Elena serviu como combustível para que a irmã caçula pudesse trilhar os seus próprios. e provavelmente as cenas do final do filme, resumem bem a união dessas personagens: mãe, irmã, e filha.
Termino essa postagem com o trailer do filme/documentário, e espero que você o assista. Pois é muito bom. E não é apenas uma história sobre o amor fraternal, ou memória, ou sobre melancolia, é uma história sobre amor e arte.
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