Exibição de Elena dá o tom de emoção no festival de Brasília
Carolina Gonçalves, Agência Brasil – 23/9/2012
Brasília – Os tradicionais circuitos do cinema dominam a última noite de mostras competitivas do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Entre as exibições que serão realizadas a partir das 19 horas na Sala Villa-Lobos, do Teatro Nacional, a diretora Petra Costa pretende emocionar o público com o documentário Elena, uma produção mista realizada em São Paulo e Minas Gerais.
Petra antecipou à Agência Brasil que o filme, seu primeiro longa-metragem, é uma parte de sua história. “Quando tinha sete anos, minha irmã, que era atriz, foi para Nova York tentar a carreira. O cinema nacional tinha acabado. Mas ela enfrentou dificuldades e entrou em depressão”, descreveu.
A trama de 82 minutos de duração retrata exatamente esta experiência. Elena, conta a trajetória da atriz que segue o mesmo sonho da mãe, que era ser uma estrela do cinema. A protagonista que deixa para trás uma infância passada na clandestinidade dos anos de ditadura militar para tentar novas oportunidades no cinema americano, apenas reencontra a irmã caçula, a própria diretora do filme, Petra, e sua mãe, 20 anos depois. Petra percorre por tempos as pistas para encontrar Elena e acaba descobrindo a irmã em um lugar inesperado.
Mas o reencontro acontece quando Elena já vive uma depressão em função das dificuldades que enfrentou em Nova York. A jovem morre depois de misturar analgésicos e álcool, ainda durante a estada de Petra e a mãe, nos Estados Unidos.
“Quando encontrei os diários dela, aos 19 anos, me identifiquei com ela”, explicou Petra, lembrando o fantasma que assombrou seus pais que temiam que a filha mais nova repetisse o padrão comportamental. O conflito também está retrato no longa de Petra Costa.
A diretora ainda explica que incluiu na trama a reprodução do que já observava em outras produções que tratavam da transição masculina entre adolescência e fase adulta. “Mas e a crise da mulher nesta transição da adolescência para a vida adulta? As mulheres vivem muitas incertezas”.
Queria fazer um filme que tratasse do ponto de vista feminino. Quando estes assuntos foram resolvidos para mim tive necessidade de comunicar esta experiência. Além de tudo, a vontade de preservar a memória da minha irmã. Com o tempo, os mortos vão sendo esquecidos. Uma pessoa não morre enquamto é lembrança.
A última atração da noite é, talvez, a mais esperada pelo público. O longa-metragem de ficçãoEsse amor que nos consome, do diretor carioca Allan Ribeiro, conta a história de Gatto Larsen e Rubens Barbot que são companheiros de vida há mais de 40 anos. Eles se instalam em um casarão abandonado no centro do Rio de Janeiro para morar e ensaiar com sua companhia de dança.
O longa que encerra a noite será precedido pela exibição dos curtas-metragens Destimação, de Ricardo Podestá, e Menino Peixe, de Eva Randolph. Os filmes das mostras competitivas serão exibidos simultaneamente no Teatro Newton Rossi, no Sesc de Ceilândia, no Teatro de Sobradinho, no Teatro Paulo Autran, no Sesc Taguatinga e no teatro do Sesc do Gama. No dia seguinte, a programação poderá ser conferida no cinema do Centro Cultural Banco do Brasil.
Edição: José Romildo
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