Por Ana Carolina – Mesa de Café da Manhã – Fevereiro de 2015.
Delicado desde o seu começo icognitário, passando pelo seu caminhar memorativo, até chegar ao seu final de auto-descoberta. Este é “Elena”.
Quem é Elena, o ela significa e para quem? Estas são as perguntas que foram levantadas durante toda a divulgação do longa-metragem em documentário nacional “Elena” da artista e cineasta brasileira Petra Costa. A partir dessas questões, você se pega pensando se não seria este mais um documentário falso, que utiliza da sua estética para construir uma ficção enraizada na procura por si mesmo. Mas não.
“Elena” é um documentário. Mas um verdadeiro documentário artístico.
Usando recursos documentais, como entrevistas, leitura de documentos, vídeos de arquivo e muito mais, Petra remonta a figura de Elena para todos nós, ao mesmo tempo em que aproveita para escrever uma carta para sua irmã. Uma carta sentimental, porém verdadeiramente carinhosa de alguém que quer entender o que aconteceu com você, Elena. De alguém que viveu a vida entre idas e vindas de diferentes noções do que poderia ser mais precioso do que a própria vida. De alguém que duvida que Elena tenha noção do que deixou pra trás.
Sim, uma carta, uma película extremamente pessoal, autoral, mas com aquele quê de “deixe-me leva-lo a entender o que aconteceu”, para quem sabe você me ajudar a entender também, de modo que além de um documentário sobre Elena, “Elena” é uma procura pela auto-independência, partindo da compreensão do outro, remontando seus passos e seus momentos mais intensos (sejam eles de pura lucidez, sejam eles de total e completo desespero).
Sim, você fica diferente na frente das câmeras, Elena e por isso mesmo esse filme foi feito para que você pudesse se ver através dela. Vê-se, pela primeira vez, talvez, como você realmente é.
*Importante dizer que eu não quis me alongar muito nesta crítica, porque um dos grandes méritos da história está justamente na descoberta deste ser, juntamente com a autora, de modo que você se deixa passear pela perspectiva criada ali. Deixe-se levar e fluir, como uma dança. Uma dança com a lua.
Mais um filme que se encaixa direitinho no no projeto do Blogs que Interagem de 24 filmes para 2015, na categoria Cinema Brasileiro. Então, mais um filme na lista.
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