Por Lud Mônaco – Blog Film Reviews (Itália)- 8/4/2014
ELENA é um documentário de caráter ensaístico, o qual relata a itinerância de Petra pelas ruas de Nova Iorque em busca de sua irmã mais velha, Elena, anos após haverem vivido juntas na grande metrópole. A andança de Petra se intercala com cenas de sua infância e a protagonista mergulha em um mar nostálgico, retraçando os caminhos do passado, inspirada por antigas imagens registradas pelos olhos de Elena. A trajetória é acompanhada pela mãe das irmãs, que também sofre da enorme necessidade de encontrar Elena.
Quem assiste a essa busca deve estar disposto à converter-se em um efêmero membro da família, pois durante 80 minutos estará indubitavelmente imerso em suas vidas e seus aposentos, circulando em sua casa, não como um estranho, mas como um íntimo hóspede. Essa é a consequência de uma narrativa que nos envolve através da poética de sua tristeza e a verdade de seus versos, que culminam num relato arriscado, alternando entre passado e presente, realidade e mente, com uma contundência que até assusta, talvez pela insustentável sutileza de seus fatos.
Até que nos deparamos com uma tragédia particular que leva à ruptura do tronco feminino da história, e descobrimos a intervenção de Elena em seu destino, que mais parecia uma metáfora de seu variável interior:
Elena abandona seu talento, sua irmã e sua mãe.
A partir daí acompanhamos a essa “busca” desde uma diferente perspectiva, a qual explora a sensibilidade de Petra, quem procura aliviar algo que já não está, mas que não obstante ainda vive dentro e é parte inegável dela. Petra chega a homogeneizar suas angústias com as da irmã, e de repente, navegando nas profundidades da protagonista e autora, vemos a viragem de uma história particular se transformar em um tema universal, através da conceitualização da dor da perda, e as ansiedades de uma idade. Esse é o momento em que o espectador olha pra dentro e enxerga a sua Elena. Ao final, o documentário não nos apresenta uma solução, mas como Petra alcança um alívio poético, imortalizando em um filme, a angústia de sua vida.
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