Vamos flutuar

Jordan M. Smith - IonCinema – 1/5/2013

Um filme muito lírico

Rubens Ewald Filho - Portal Pepper – 29/5/2013

Em busca do próprio corpo

Eliane Brum - blog da revista Época - 6/5/2013

A elevação de ELENA ou como tocar o impossível

Clarissa Metzger, psicanalista*

Empreendo aqui uma breve discussão sobre o documentário ELENA, de Petra Costa, do ano de 2013, em articulação com o tema da sublimação, principalmente a partir das indicações de Lacan nos Seminários 7 e 16.

Em Elena, a diretora conta sobre sua irmã, de mesmo nome, morta aos 20 anos, quando Petra tinha apenas 7 anos de idade. Conta também sobre a relação das duas irmãs e os efeitos que a morte prematura de Elena causou em Petra e na mãe das duas. A identificação de Petra com Elena é evidenciada em vários momentos do documentário, a despeito das soluções diversas que cada uma delas produziu frente às questões da separação – e esse é o ponto que pretendo especificamente abordar aqui.

O argumento do documentário, desenvolvido com competência, por si só talvez já fosse suficiente para que o filme garantisse seu nicho no mundo dos documentários. Mas o que de fato toca de modo ímpar a quem cruza com Petra e com Elena no filme está mais além – ou aquém – do argumento e da competência técnica, que certamente o filme também tem.

Ao (re)construir algumas de suas próprias memórias, a diretora também busca resgatar quem era Elena – e para isso empreende uma pesquisa ampla sobre ela. Mas parece-nos que o efeito que o filme causa se deva mais ao trabalho realizado por Petra do que à personagem Elena e sua história. Não que a personagem ou a história sejam pouco interessantes, mas para aquilo que nos concerne discutir, é o tratamento que Petra dá à ambas que proporciona ao filme a qualidade peculiar, seu caráter sublimatório, que aqui aponto.

Embora Petra se refira constantemente à Ofélia – e o filme faça alusão à personagem shakespeareana, é o próprio Hamlet quem se pergunta sobre o ser – questão crucial da constituição do sujeito, que fica à descoberto de um modo peculiar na adolescência e que se apresenta no documentário, tanto na voz de Elena quanto no que narra Petra sobre suas próprias dúvidas e questões adolescentes. Questões que sem dúvida remetem a um nível de separação do Outro que entra em jogo no momento em que esse sujeito – a partir da operação adolescente – tem que fazer escolhas pelas quais responderá integralmente.

Destaco dois temas intimamente relacionados: separação e criação. Ambos se articulam pela idéia de passagem, na medida em que a separação é ela mesma passagem que, para se efetuar, pede uma criação singular. Criação singular aqui pensada como ato do sujeito. Nesse sentido, o documentário de Petra parece anunciar sua maneira de executar a passagem de que se trata.

É o vazio deixado pela ausência de Elena que impulsiona Petra a criar seu filme. É a experiência traumática que ultrapassa qualquer inscrição, que aponta para o que não cessa de não se inscrever, que move Petra em sua criação. Paradoxalmente, é sobre o impossível de dizer que ela fala todo o tempo em seu filme.

Por outro lado, é de separação que se trata no documentário: a separação impossível para Elena de seus ideais inatingíveis na arte, separação do Outro que permita a instauração para o sujeito de um desejo feito seu, separação que também diz respeito, portanto, a própria Petra, autora do documentário.

Seguindo as indicações de Maria Cristina Poli (2004) e Sonia Alberti (2009), retomemos as operações de alienação e separação para pensar a adolescência. Nesse sentido, minha intenção é discutir esse aspecto da operação de separação que está em jogo na adolescência para pensar o filme Elena, levando em conta a sublimação como possibilidade nessa operação. Por outro lado, deixo aqui apontado, ainda que não possa avançar nessa discussão no momento, aquilo que pode nos auxiliar a pensar na sublimação como tratamento do gozo.

A separação só pode se inscrever a partir de um momento inicial de alienação, momento no qual o sujeito, para existir no simbólico, se aliena na linguagem – o que é correlato a se alienar no desejo do Outro. O Outro de que se trata é esse que preexiste ao sujeito e determina as interpretações de suas produções, de seus sonhos, chistes e atos falhos (Alberti, 2009, p. 36). Em suma, trata-se do simbólico. Assim, a alienação implica que o sujeito passe a ser representado por um símbolo na ordem simbólica, ou seja, por uma marcação de lugar nessa mesma ordem, ao passo que o ser é descartado. Lacan refere-se à alienação como uma primeira operação que funda o sujeito (Lacan, J. 1964/1985 p. 199) e, portanto, logicamente anterior à separação, que a sucede.

Lembremos que a separação do Outro não é a separação dos pais, que, como nos recorda Alberti (2009, p. 37), se dá antes da puberdade. A separação dos pais é diferente do desligamento da autoridade desses mesmos pais, essa sim em jogo na adolescência. Nesse sentido, M.C. Poli (2003) traz uma precisão, ao situar a questão na mudança de posição do sujeito adolescente em relação a esse Outro.

O “esvaziamento do fantasma infantil” aponta para o rompimento com uma significação e o reconhecimento de uma criação, uma invenção do adolescente, o que está incluído na direção de análise proposta por Poli. Essa autora ressalta a importância do ato de criação do sujeito adolescente, na medida em que se refere à “versão do pai” que esse sujeito possa criar.

Para além da separação, mas em articulação com ela, a questão da diferença sexual se apresenta na adolescência de um modo novo. A impossibilidade da relação sexual – do pleno encontro – ou seja, a presença do real impossível que não cessa de não se inscrever, que na infância pode ser obliterada pela promessa do futuro: quando eu crescer…- se apresenta na adolescência sem recurso, como impossibilidade de completude, à qual o adolescente se vê impelido a responder (Alberti, S., 2009).

No campo da neurose, a resposta à incompletude necessariamente comporta um ato do sujeito no sentido de um reposicionamento perante o Outro que em certa medida comportaria um “descolamento” do Outro, essa mudança de posição a que nos referimos há pouco.

Para Petra, trata-se da separação impossível de Elena, misturadas como retrata de diferentes maneiras o documentário, que se confunde com a separação do Outro. Separar-se carregando as marcas da separação. No entanto, se é de separação que fala o filme, é correlativamente de passagem. Rituais de passagem, crises se passagem. Passagem para onde? O descolamento do Outro implica mudança de posição do sujeito frente a seus ideais. Nesse sentido, a operação adolescente não pode ser circunscrita a uma idade ou faixa etária específica.

Frente à angústia e ao vazio das crises existenciais, as duas irmãs buscaram soluções muito diferentes. Não vendo outra saída, Elena foi de encontro ao vazio, em cheio. Passagem ao ato. Petra, diferente disso, contorna o vazio, delimitando-o. Traça um litoral. Tangencia, faz alusão. Não nega o furo que é o vazio, mas também não sucumbe a ele. Toca-o delicadamente com sua criação – com seu filme – e com ele, fala do impossível de ser dito. Faz um ato de passagem. Parece-me lícito supor que esse ato possa comportar algo da ordem da sublimação. Assim, entendo que o filme Elena faz jus ao conceito de sublimação formulado por Freud e revisto por Lacan.

O documentário é tecido ao redor de uma ausência e de seus efeitos, vazio homólogo ao vazio central de das Ding. O vazio criado com a morte da irmã nunca desapareceu. Mas ela realiza, com seu filme, um tratamento do vazio deixado por Elena: “As memórias vão com o tempo. Se desfazem. Mas algumas não encontram consolo. Só algum alívio, nas pequenas brechas da poesia. Você é a minha memória inconsolável, feita de pedra e de sombra e é dela que tudo nasce e dança.” Ao dizer isso, Petra nos faz saber que o vazio deixado pela ausência da irmã não desaparece e que é a partir dele que algo pode ser criado.

Freud enfatizou o reconhecimento social que o fruto da sublimação deveria provocar e a importância de que o objeto da sublimação fosse também um objeto passível de ser partilhado e reconhecido socialmente.

Já Lacan trouxe o acento do conceito de sublimação para a criação de um novo valor social a partir do tratamento especial dado a um objeto que pode ser qualquer um. Diferente da proposta freudiana, de uma produção que se encaixasse nos valores já vigentes, Lacan enfatiza o aspecto da criação de valor. Ele redefiniu a sublimação dizendo que aí se tratava de elevar o objeto à dignidade da Coisa. Ou seja, transformar objetos comuns em objetos que aludem ao vazio da Coisa. O que Elena deixa ver, tal como o posicionamento das caixas de fósforos de Prévert, referido por Lacan no Seminário 7, é como essa transformação ocorre por um reposicionamento dos objetos, que evidencia algo da ordem do vazio e que permite então um novo olhar sobre esses objetos tão cotidianos. Olhar que alude ao vazio. Nesse sentido, o objeto da sublimação é o menos importante; o que realmente importa é o tratamento que é dispensado a ele e que evidencia o vazio sem equivaler a ele.

Elena, objeto comum, ganha outro estatuto, outra dignidade: é elevada, através do documentário de Petra, à dignidade da Coisa. Esse estranho que habita o mais interior e que fez com que Lacan criasse o termo êxtimo para se referir ao que se trata nesse vazio estranho e ao mesmo tempo íntimo que nos funda.

O que o filme faz é aludir a esse vazio, tocando a ausência deixada por Elena. Por paradoxal que seja, o que causa o efeito de comoção no filme não é a beleza das imagens – ou não é somente a beleza. Não é a poesia – não apenas ela. É justamente esse desvelamento de algo da ordem de um vazio, que se deixa tangenciar, além ou aquém da beleza e da poesia, a partir do qual alguma coisa pode ser produzida.

É nesse lugar êxtimo, nesse vazio central sempre escamoteado por coisas como a beleza, como o bem, que o filme toca, de um modo ímpar. Elevar à dignidade, como faz Petra com a memória da irmã ausente, já evidencia que não se trata de mostrar, escancarar, identificar; não se trata de fazer um objeto à imagem e semelhança de outro ou de tampar o vazio. O que está em jogo é tratar o vazio, aludir, tangenciar – criação ex-nihilo.

*Texto apresentado no XIV Encontro Nacional da Escola Brasileira dos Foruns do Campo Lacaniano

REFERÊNCIAS

Alberti, S., Esse sujeito adolescente, Rio de Janeiro, Rios Ambiciosos/Contra
Capa, 2009, 288p.

Dor, J. Introdução à leitura de Lacan. O inconsciente estruturado como linguagem. Série Discurso Psicanalítico, Artes Médicas, Rio de Janeiro, 1989

Freud, S. (1980) Escritores criativos e devaneios (1908 [1907]) Jayme Salomão Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XVIII, Rio de Janeiro: Imago Ed

—–. Algumas reflexões sobre a psicologia do escolar (1914) Jayme Salomão Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XIII, Rio de Janeiro: Imago Ed. pp. 285-288

—–. Dois verbetes de enciclopédia – A teoria da libido (1922). Jayme Salomão Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud vol. XVIII, Rio de Janeiro: Imago ed. pp. 285-312.

Fink, B. O sujeito lacaniano entre a linguagem e o gozo, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1998

Lacan, J. (1997) O seminário, livro 7: a ética da psicanálise Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.

—-. O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, 2ª ed., Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed.,1985

—-. O seminário, livro 16: de um Outro ao outro, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2008

Elena – o filme, direção de Petra Costa, roteiro de Petra Costa e Carolina Ziskind, Busca Vida Filmes, 2013

Petra Costa, em depoimento a Thais Lazzeri disponível em http://revistaepoca.globo.com//vida/noticia/2013/05/arte-ajudou-curar-minha-dor.html

Poli, Maria Cristina – Adolescência, uma abordagem na psicanálise lacaniana in Psicanálise e adolescência- intersecções possíveis, M.M. Kother Macedo, EDIPUCRS, 2004 149p.

—-. Alienação/separação na clinica da adolescência, 2003. Parte integrante da pesquisa Alienation, séparation, exclusion: psychopatologie de l’adolescence et clinique du lien social desenvolvida no curso de doutorado da Université de Paris XIII, com o financiamento da CAPES (Brasil) disponível em http://www.interseccaopsicanalitica.com.br/art117.htm

ELENA e coragem da (auto)biografia

Por Marcos Creder, no blog Literalmente – 3/11/2012 Venho me perguntando: porque as pessoas se interessam tanto pela vidas dos outros? Após o último artigo que desenvolvi sobre as biografias autorizadas ou não autorizadas, tive ainda mais algumas reflexões. Deve-se levar em consideração que há outros formatos que também exploram a vida das pessoas públicas e que muito provavelmente devem seguir, pelo menos aqui no Brasil, o mesmo protocolo do autor de livros. Falo especialmente do cinema. O cinema é mais um formato de interesse para a pesquisa biográfica e atualmente de muito maior abrangência. Para esse tema, há filmes no formato de documentário e há o formato mais comum, que são as adaptações ficcionadas da vida de determinadas pessoas – os documentários ainda, injustamente, despertam pouco interesse do público de cinema. As ficções baseadas em biografias são inquestionavelmente as mais comuns e muitas vezes por ter menos rigor de pesquisa, se distanciam bastante da vida do sujeito supostamente biografado. Nesses filmes, principalmente nas adaptações da má qualidade, muitas vezes assistimos a caricaturas mal desenhadas, com várias interpretações simplistas da vida dos heróis e celebridades, onde o personagem muitas vezes é o alterego do diretor ou do roteirista do filme. Mas esse, contudo, não é o caso do filme ELENA. Antes, quem é ou foi Elena? Foi uma jovem atriz que morreu precocemente, antes mesmo de se tornar conhecida. Para quê, então, falar de Elena? Tentarei responder. Na verdade, ELENA é o título do documentário dirigido pela jovem diretora Petra Costa. Falar que é um documentário, por si só, seria restringi-lo a aspectos apenas documentais da personagem-título. O filme vai além disso. Nele se observa a vida trágica dessa jovem atriz e, mais do que isso, conta uma outra história, talvez a parte mais corajosa. Sua história é contada pelos olhos de sua irmã mais nova, Petra, a diretora do filme. A narrativa segue em todo filme de forma propositalmente anacrônica, com relatos de fragmentos de recordações de sua infância quando sua irmã ainda era viva – Elena era bem mais velha que Petra. O filme ainda é contemplado por maravilhosas cenas de vídeos caseiros feitos quando ainda criança e adolescente. As cenas desses vídeos mostram essa Elena adolescente, brincalhona, desinibida e já com grande interesse pela carreira de atriz – uma rápida digressão: a carreira artística, a aspiração pela vida de atriz já era desejo da mãe, uma atriz frustrada. A narrativa de Petra, uma criança pequena, em que dá foco ao seu pequeno mundo familiar, dá uma beleza peculiar ao filme. Esse recurso permite várias reflexões que vão desde da vida de Elena, seu drama familiar, à vida de Petra, uma coadjuvante, que vai se mostrando paulatinamente no filme no lugar do luto, da tristeza, da perda, da raiva, da saudade. Pode-se dizer, em resumo, que o filme começa com Elena e termina com Petra – há, inclusive, aqueles que acrescentam a mãe na trama e que sugerem que intenção do filme seria tratar de uma trama biográfica familiar de três mulheres: mãe, irmã e filha. Os bons filmes tem essas vantagens permitem várias leituras e permite narrar uma tragédia sem cair no grotesco. Elena uma jovem bonita e talentosa, de bricalhona e alegre – é próprio retrato do alegria e do otimismo – sai dessa vivacidade e entra, após a separação dos pais e do primeiro fracasso profissional, num profundo quadro melancólico que levou a morte por suicídio. Conheci o filme depois de um convite que me foi feito pela Escola Brasileira de Psicanálise para debatê-lo. Que comentários eu poderia fazer, depois de assiti-lo? falaria da tragédia familiar com a morte da jovem atriz? falaria dos aspectos psiquiátricos do quadro melancólico? ou abriria debate para uma discussão mais subjetiva? enfim, falei um pouco de tudo. Hoje escrevendo esse pequeno artigo digo que esqueci de comentar um detalhe bastante significativo para julgar o artista de hoje e que Petra destacou muito bem. A arte apela por franqueza de sentimentos, inclusive, os mais difíceis de serem narrados. Nela, apesar de ser uma afirmação ingênua, se tenta dizer tudo. * * * Bergman em sua autobiografia disse que quando criança pensava na morte da irmã, inclusive no seu assassinato. Crueldade? ele antes de ser escritor diretor, cineasta estava sendo franco com seus sentimentos infantis, como deveria ser qualquer pessoa comum ou mediana. Marcos Creder

Um olhar da psicologia sobre ELENA

Por Adriana Lemos, psicóloga e jornalista, em Cuidarte – 20/10/2013
Há cerca de dois meses vinha pensando em escrever sobre um tema silencioso e ainda envolto em brumas: o suicídio. Ao pesquisar sobre o assunto assisti a um debate on-line promovido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), li matérias antigas e recentes sobre o assunto, baixei apostilas da OMS orientando médicos e profissionais de imprensa de como lidar com o tema, e por fim encontrei uma reportagem sobre o documentário Elena, da atriz e cineasta Petra Costa, que usou a história da irmã – nome título da obra – para estrear seu primeiro longa metragem. Então decidi usar o filme para abordar a questão pontuando o texto com um olhar da psicologia.

Após ver o documentário, acredito, como psicóloga humanista que sou, mais ainda que nós somos capazes de encontrar nossos próprios caminhos em busca do equilíbrio e da autorregulação. É isso que Petra faz nessa obra. Por meio dela, a cineasta consegue reelaborar o luto e exorcizar Elena de dentro de si, colocando-a no seu devido lugar (levando-a para suas memórias e guardando-a no seu afeto).

Petra consegue dialogar de modo brilhante consigo e com os espectadores sobre um tema ainda envolto em tabus de um modo realista, e sem o tom condenatório tão comum a ele, pois na obra não importam os porquês, mas o como a irmã se construiu, como foram suas vivências juntas.

Penso que o assunto precisa ser falado, discutido, esmiuçado para que as pessoas vulneráveis possam ser ajudadas e as que convivem com esses sujeitos consigam perceber os sinais que uma pessoa com ideação suicida dá, de modo que o suicídio possa ser evitado. Há um consenso que quando se noticia o suicídio pessoas vulneráveis podem se identificar e levar a ideia de eliminação voluntária a cabo. É fato que existe o fenômeno que os especialistas chamam de contágio, mas por outro lado uma matéria feita com responsabilidade, buscando profissionais respaldados para discutir sobre o assunto ajuda positivamente a informar. O que não vale e é pernicioso é o sensacionalismo e, infelizmente, o tratamento da imprensa no Brasil em relação ao tema ainda é superficial e distante. Mas basta concluirmos que silenciar sobre o suicídio, não o elimina.

A SINOPSE DO FILME
Elena viaja para Nova York com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. Deixa para trás uma infância passada na clandestinidade durante a ditadura militar e uma adolescência vivida entre peças de teatro e filmes caseiros. Também deixa Petra, sua irmã de sete anos. Duas décadas mais tarde, Petra também se torna atriz e embarca para Nova York em busca de Elena. Tem apenas pistas: fitas de vídeo, recortes de jornais, diários e cartas. A qualquer momento, Petra espera encontrar Elena andando pelas ruas. Aos poucos, os traços das duas se confundem. Já não se sabe quem é uma e quem é a outra. Elena é um filme sobre a persistência das lembranças de Petra em relação à irmã, sobre a irreversibilidade da perda, e o impacto causado na menina de sete anos pela ausência da irmã, a quem Petra chama de sua “memória inconsolável”.

O documentário trata de questões como o feminino, o luto, a família e muito do que permeia a vida – não só dela e de sua família – mas a de todos nós, na ocorrência inexorável das perdas, da existência de vivências emocionais dolorosas e do nosso lado escuro (a depressão de Elena, a negação da depressão de Petra como reação à morte da irmã, a culpa e tristeza escancarada nos olhos da mãe).

Ela faz um resgate não só da história de sua irmã por meio de memórias, mas, sobretudo nos diz como mensagem de fundo acerca da sobrevivência dos que ficam após o suicídio de um familiar. O documentário fala de perto sobre as reações às perdas reais e simbólicas. Petra conseguiu com o documentário resignificar a vivência da morte trágica e precipitada de Elena aos 20 anos, e também a colocou no seu devido lugar, como já pontuei.

Tive a impressão que o documentário foi realizado, mesmo que como estratégia inconsciente, não só para amenizar a dor da culpa que a irmã e a mãe sentiam pela morte de Elena, mas também como forma de Petra conhecer Elena e a si mesmo. Ao reviver tantas memórias da irmã deixadas em vídeos e diários. Para mim um dos momentos mais doces do filme é a dança na água, quando a narradora Petra diz: “As dores viram água, e pouco a pouco viram memória”.

A água nas cenas da dança simboliza exatamente nossas emoções, que para mantermos fluídas precisamos deixa-las escorrer. Se represarmos o rio nesse ponto, ele pode sair do leito e, assim, adoecermos, mas se vamos ao encontro delas, as águas voltam para o leito e correm tranquilas. Petra encontrou na realização do filme o seu caminho, fazer terapia pode ser outro meio para as emoções escorrem e encontrarem seu lugar.

No íntimo de Elena

Por Priscilla KimuraArte de Escrever – 23/10/2013

“Estou dançando com a lua”, disse Elena em uma das cenas mais lindas do documentário que leva seu nome, escrito e dirigido por sua irmã Petra Costa. Com uma sensibilidade de causar arrepios, Petra conta por meio de vídeos caseiros de sua infância a história de sua irmã mais velha, Elena, que morreu de forma trágica aos vinte anos, quando Petra tinha apenas sete anos.

O filme, ganhador de quatro prêmios no Festival de Brasília e exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2012, mostra a reconstrução de uma vida a partir de fragmentos de sonhos e dores que ficaram para trás. Ou não. A verdade é que todo prazer e sofrimento que Petra revelou sentir ao fazer o filme continuam muito vivos mesmo com a partida de Elena, e isso foi fundamental para que ela pudesse chegar mais perto do íntimo da irmã.

De fato, falar sobre a vida pessoal nunca é uma tarefa fácil. Quanto mais expor os sentimentos mais profundos e traumáticos de uma morte incompreendida para o mundo inteiro numa tela de cinema. Só pela coragem, Petra já merece o reconhecimento. Mas muito além do que foi dito, a jovem cineasta coloca de maneira poética e leve todos os sonhos que a irmã tinha, revelando uma Elena apaixonada pela arte. Ao passo que a arte lhe causava tamanha admiração e entrega, também foi responsável por sua depressão e suicídio.

É importante ressaltar o apoio que Elena sempre teve da família em relação a sua escolha de ser atriz. Apesar de não ser uma carreira fácil, sua mãe e irmã mudaram-se para Nova York com a menina para acompanhá-la durante a faculdade de artes cênicas. Porém Elena se tornou cada vez mais triste com tantas respostas negativas nos testes, vivendo uma verdadeira montanha russa de sensações, caracterizada por sua notável bipolaridade de humor.

É muito difícil afirmar quais foram os reais motivos que fizeram com que Elena decidisse morrer, porém fica bem explícito o vazio que a menina sentia no peito quando sua mãe revela algumas de suas palavras, já no auge da depressão: “se não consigo viver de arte, prefiro morrer”.

O grande trunfo do filme é a proximidade e identificação do público com os conflitos internos de Elena, o que se deve muito ao rico material pessoal que Petra possui dos anos que passou ao lado da irmã. Nas filmagens de criança, é possível ver Elena segurando Petra no colo, fazendo brincadeiras carinhosas com a irmã, dançando e cantando no chuveiro.

É possível perceber rapidamente que a família inteira tem uma inclinação para a arte, começando pela mãe das meninas que também sonhou em ser atriz anos antes. Entrando no mérito da mãe, fica claro que a morte de Elena continua engasgada em seu peito, o que não a impede de participar ativamente de todo filme, com depoimentos comoventes e até mesmo com uma reconstituição física da cena da morte da filha.

Nota-se que Petra optou por uma linguagem cinematográfica bem simples ao fazer o documentário, talvez para intensificar o sentido realista da situação. As únicas câmeras utilizadas para a gravação foram um iphone e uma DSRL. Toda narração é feita por Petra, como quem lê uma carta para a irmã, misturando-se com imagens reais de Elena, vídeos caseiros da família, além de depoimentos de sua mãe.

Mesclado a isso, algumas cenas um tanto quanto poéticas de Petra caminhando pelas mesmas ruas de Nova York que Elena caminhou, visitando os mesmos lugares que a irmã costumava ir, conversando com seus amigos próximos, como se procurasse desesperadamente cruzar com Elena em algum ponto que ficou inacabado, como quem busca uma explicação para o que não pode ser compreendido.

Ou talvez fosse apenas uma tentativa de viver a vida que deveria ter sido de Elena se ela não tivesse desistido de vivê-la. Isso fica muito claro logo no inicio do filme, quando Petra narra as palavras de sua mãe: “Nossa mãe sempre me disse que eu podia morar em qualquer lugar do mundo, menos em Nova York. Que eu podia escolher qualquer profissão, menos ser atriz. No dia 4 de setembro de 2003, eu me matriculei no curso de teatro da Columbia University. Queriam que eu te esquecesse, Elena”.

Somado às belas imagens, o filme ainda conta com uma trilha sonora impecável, melancólica, que acompanha o estado de espírito do espectador naquele momento. Por vezes, a trilha se mistura com a voz de Petra ou de Elena.

Na imagem de divulgação do filme, Petra e sua mãe aparecem boiando em um lago turvo, de certo para fazer uma conexão com a personagem Ofélia, de Hamlet, que morreu afogada num rio por desilusão amorosa, dizem alguns. Segundo Petra, essa foi uma das primeiras imagens que pensou para o filme, pois tinha a intenção de abordar não apenas seus sentimentos pessoais, mas o sentimento da perda presentes em todos os seres humanos.

No prontuário médico da autópsia de Elena constava que seu coração pesava 300 gramas. Por mais vazio que Elena pudesse sentir, imagino que seu coração deveria mesmo era pesar toneladas. Pesava tanto que ela não suportou e desistiu. Um grande paradoxo quando comparado com a leveza de Elena dançando com a lua.

O réquiem para Elena

Por Felippy Damian, no site Olhar Conceito – 22/10/2013

São vários os riscos assumidos por Petra Costa, atriz e diretora, 30 anos, ao escrever com película um réquiem para sua irmã mais velha, Elena, no filme homônimo, de 2013.

A autora se expõe, e de maneira eloquente, confronta seus traumas para tratar, num documentário onírico, do suicídio da irmã, em 1990, quando Petra tinha apenas 7 anos de idade. Conta, com o auxílio de gravações caseiras, a história de sua família, mantendo as atenções voltadas para Elena, que desenvolve o gosto pela arte, em especial pelos afazeres dos atores de cinema na indústria hollywoodiana, e com tal determinação ruma para Nova York. Frustrações e inquietações quanto ao desejo avassalador de atuar, e assim realizar-se, levam Elena a buscar sua própria morte.

Marcada pela perda, a diretora e atriz faz em seu filme o que fez em sua vida, busca reconstruir e percorrer os trajetos escolhidos por Elena e, de tal modo, alcançar a merecida redenção para si, e muito mais, para a memória da irmã que, espirituosa,a inspirou.

Não é este o debute da arte enquanto forma de se homenagear pessoas queridas. Eu mesmo tenho muito apreço pelo poema Adonais, escrito e lido por P.B. Shelley no enterro de John Keats, notável expoente do romantismo inglês assim como Shelley. Petra consegue delicadamente agregar tal poesia em seu longa, tanto na estética, como na narrativa. O mais incrível é que, segundo a própria diretora, o lirismo se origina dos diários de Elena.

Algumas sequências conseguem atingir ápices de poesia, como os passos da diretora no meio da rua, repetindo sua inspiradora, quando adolescente. Mas existe um virtuosismo poético imenso na cena em que as atrizes são imersas pela água. Sabiamente se extraiu daí a imagem que ilustra a capa.

O longa me trouxe questionamentos necessários que também divido aqui. Uma obra de cunho tão pessoal deve ser vista por outrem e, até mesmo, incentivado financeiramente pelo estado? Concluí, por hora, que toda arte que possibilite novos sentidos e experiências devem ser difundidas, não se importando a especificidade do tema.

Petra desnuda-se em suas experiências intimas. A obra é pessoal. A experiência, todavia, não é intrasferível. O filme deve ser visto, e tal experiência vivida.

Luto poético

Por Veronica, do blog “É o que penso” – 21/10/2013

ELENA é um documentário brasileiro de 2012 que fala sobre suicídio e luto, mas, diferente de filmes que tratam desses assuntos e, apesar se ser um documentário (amo documentários, quis dizer que falar de suicídio nessa categoria pode ser muito duro), é poético, mas sem ser romântico. Não é uma tentativa de “morte romântica”.

A forma como o documentário é rodado é bem diferente, não sei o nome técnico, mas mostra imagens soltas, não é um contínuo. Esse clipe do Moska usa essa técnica:

O documentário mostra a busca da irmã de Elena, Petra (que é a diretora e a atriz do documentário), em busca da irmã. Ela está em Nova York, cidade onde passou parte da sua infância e onde Elena se lançou para uma nova carreira de atriz na juventude.

As imagens as quais me referi acima são recortes de filmagens que Elena fez desde quando ganhou uma filmadora, na década de 80 eu acho, e imagens que Petra faz na NY atual. Tem as palavras da mãe das duas, o apartamento onde moraram, as ruas, as luzes, as gravações de áudios de Elena (que substituía as cartas por áudios). Petra parece trilhar os mesmos passos da irmã: se identifica com os diários dela, se identifica com a tristeza que a irmã sentia, quer ser atriz, vai estudar em NY.

Ao final (sem ser um spoiler), Petra encontra a irmã, se reinventa e cria novos caminhos, à luz do que a irmã significou para ela.

É um documentário muito bonito. No início, pode parecer estranho, porque não se vale de contar uma história linear, com a câmera acompanhando os personagens; é outra coisa, são imagens, tais como se fossem o conteúdo de uma memória – sem ordem, acronológica, caótica muitas vezes – que fala de uma pessoa que morreu, o que foi a história com essa pessoa, as narrativas ouvidas, as imagens captadas (também as filmagens feitas por Elena), os recortes de jornais, enfim, uma trajetória, ainda que muito curta, criada por Elena, em que Petra, resgata, reconta e se reencontra.

Para mim, o luto, ou melhor, a falta de alguém que morreu, é algo que fica para sempre. É uma cicatriz simbólica, é uma marca que fica. E foi justamente essa falta e tudo que ela representa que foi referência para que Petra trilhasse seu caminho.

Elenas

Por Victoria Sales, do blog O Romântico em Mim – 20/10/2013

Os mesmos sonhos,
O mesmo caderno sem pauta,
A mesma gana,
O mesmo amor,
O mesmo bailar,
A mesma entrega,
A mesma idade,
As mesmas duvidas,
As mesmas dores,
As mesmas angústias,
O mesmo vazio
De ser Elena!

Insight pós Elena – O Filme

Sem medo de ir e vir

Por Vitor, no blog No Táxi Com Travis Bickle – 20/10/2013
Elena Costa era uma jovem e talentosa atriz, integrante durante certo tempo de grupos de teatro e peças elogiadas no Brasil, que resolveu tentar a sorte nos Estados Unidos no fim da década de 80. Aguardou ser aceita na Columbia University, e enquanto isso fez muitos cursos que a ajudassem a crescer como intérprete e artista, como castanhola e canto, por exemplo. Frustrada pelas poucas chances recebidas retorna para casa, para o conforto dos braços de sua mãe e o sorriso de sua irmã 13 anos mais jovem. Quando retorna a Nova York, Elena é acompanhada pelas duas.

A diretora estreante Petra Costa é a caçula. Ela é a narradora, a voz que conecta as imagens de arquivo e remonta uma tragédia que, ao longo de mais de vinte anos, doeu, sangrou, virou lembrança, depois água, mas não escorreu pelo ralo. Petra retornou à América para construir ELENA, um documentário extremamente tocante sobre o poder que as memórias têm de remontarem a realidade.

Durante todo o longa, durante a exibição de imagens da infância das irmãs ou das andanças de Petra por Nova York, a diretora fala com Elena, como em uma carta. “Minha prima me disse que se eu quisesse, eu poderia falar com você. Que você estaria invisível, mas que me escutaria.”, ela diz em certo momento. Petra narra a vida de sua irmã para a própria Elena, como se ela estivesse do lado de cá da tela, entrecortando tudo com imagens nas quais estuda suas lembranças ao lado da mãe, e seus olhos distantes são de destruir o coração de qualquer um.

ELENA é um filme muito pessoal. Alguns podem reclamar da exposição, podem falar que Petra Costa transformou a tragédia de sua família em espetáculo, em mercado, mas eu não penso assim. A dor não é espetáculo aqui, não parece ser essa a intenção da cineasta que, com sinceridade, exorciza seus demônios através da narrativa e do som de sua voz doce e baixa, e apresenta sua linda irmã, uma personagem trágica, mas fascinante, para o mundo.

A diretora não tem medo de ir e vir no tempo. Não constrói sua narrativa através de uma ordem cronológica, mas de fades que ilustram as elipses e viagens, em pensamentos e lembranças que se seguem enquanto Petra tenta dimensionar a dor da tragédia e o amor pela irmã.

Ao terminarmos de assistir a esse mosaico emocionante de imagens e vozes, ao som da bela e adequada “Dedicated to the One I Love”, podemos dizer que ela conseguiu, dando à luz, assim, a um dos mais belos e dolorosos (e doloridos) filmes a estrearem por aqui em 2013.

Elena: um ode às memórias

Por Arlã Rocha – blog Conversa Atinada – 19/10/2013

Elena é um documentário baseado na vida da atriz Elena Andrade dirigido por sua irmã Petra Costa. Estreado no Brasil em 10 de maio de 2013.

Podemos ver nele arquivos pessoais, depoimentos e imagens.

Inquietante e angustiante faz da realidade um ode às memórias. A sensação de perda latente, do vazio e da angústia.

Trata as memórias com o realismo do cotidiano,com as alegrias de um tempo com uma realidade de uma uma infância e uma adolescência vivida entre peças de teatro e filmes caseiros.

Elena e seu sonho de ser atriz de cinema assemelha-se a sua mãe que tivera o mesmo sonho.

Em uma viagem à Nova Iorque tenta buscar a realização.

Petra sua irmã revive e relembra memórias … O amor incondicional e os primeiros desejos que no futuro iria se concretizar.

Petra torna-se atriz e embarca para Nova Iorque em busca de Elena. Tem apenas fitas de vídeo, recortes de jornais, diários e cartas.

E pouco a pouco as dores viram água,
viram memória.

As memórias vão com o tempo se desfazem,mas algumas não encontram consolo só algum alívio nas pequenas brechas da poesia. Você é a minha memória inconsolável feito de pedra e de sombra e é dela que tudo nasce. (texto contido no documentário)

O documentário tem recortes de pura arte, pura emoção e pura tristeza. É sem dúvida um documentário que emociona, angustia e ao mesmo (tempo) apazígua a alma.

Premiado na categoria documentário no 45º Festival de Cinema de Brasília, ELENA, de Petra Costa.

A poesia e a arte é o alívio da alma (sic).

Alívio da alma

Por Arlã Rocha, no blog Conversa Atinada – 19/10/2013

Elena é um documentário baseado na vida da atriz Elena Andrade dirigido por sua irmã Petra Costa. Estreado no Brasil em 13 de maio de 2013. Podemos ver nele arquivos pessoais, depoimentos e imagens. Inquietante e angustiante faz da realidade um ode às memórias. A sensação de perda latente, do vazio e da angústia.

Trata as memórias com o realismo do cotidiano, com as alegrias de um tempo com uma realidade de uma infância e uma adolescência vivida entre peças de teatro e filmes caseiros.

Elena e seu sonho de ser atriz de cinema assemelha-se a sua mãe que tivera o mesmo sonho. Em uma viagem à Nova Iorque tenta buscar a realização.

Petra sua irmã revive e relembra memórias … O amor incondicional e os primeiros desejos que no futuro iria se concretizar.

Petra torna-se atriz e embarca para Nova Iorque em busca de Elena. Tem apenas fitas de vídeo, recortes de jornais, diários e cartas.

E pouco a pouco as dores viram água
Viram memória.
As memórias vão com o tempo se desfazem, mas algumas não encontram consolo só algum alívio nas pequenas brechas da poesia. Você é a minha memória inconsolável feito de pedra e de sombra e é dela que tudo nasce (texto contido no documentário).

O documentário tem recortes de pura arte, pura emoção e pura tristeza. É sem dúvida um documentário que emociona, angustia e ao mesmo apazigua a alma.

Premiado na categoria documentário no 45º Festival de Cinema de Brasília, ELENA, de Petra Costa.

A poesia e a arte é o alívio da alma.